Gamarra: Por aqui nós vamos agora falar do nosso assunto da semana com o Italys França, que está comigo aqui e hoje o tema é: Ninguém é culpado pela sua dor. Não tem hora que algumas pessoas nos ferem? Boa tarde.
Italys: Boa tarde a todos que já estão nos acompanhando! E sim, é interessante essa pergunta sobre a existência de pessoas que nos ferem, porque pode parecer contraditório, né?
Ao mesmo tempo que você admite que existem pessoas que vão lá e que ferem você, você também tem que acreditar, eu vou explicar o porquê, ninguém é culpado pela dor que você sente. Mesmo ela tendo ferido.
Então respondendo à sua pergunta: sim, existem diversas pessoas que nos ferem. Imagina o seguinte: você tem uma situação muito complexa no seu passado que foi gerado por uma pessoa, então vamos colocar aí um abuso sexual.
Eu vou logo ao extremo, mas qualquer coisa pode ser usada como exemplo. Ok?
Vou trazer o extremo, porque é o que mais as pessoas podem identificar como difícil de resolver.
Imagina que no passado você sofreu um abuso sexual e aí, eu afirmo para você, que o sofrimento que você carrega hoje, em função desse abuso sexual, não é culpa do seu abusador.
Algumas pessoas podem encrespar comigo, levantar o dedo e falar: “Ué, como assim? Se não fosse essa pessoa eu não estaria sofrendo isso.” De fato, se não fosse esse estímulo ruim você não estaria sofrendo isso, muito provavelmente, ok.
A gente não tem como dar certeza de nada, a questão é: essa pessoa que fez isso com você, seja lá quem for no passado, ela não é culpada pelo sofrimento que você carrega.
Ela é culpada pelo que ela fez. Ela é, no máximo, responsável por ter sido a pessoa que gerou a situação, que te proporcionou sofrimento.
Mas, à partir daí, o resultado do sofrimento surgido disso, seja medo, culpa, a tristeza, a desesperança, a desilusão, a falta de confiança no outro, isso é responsabilidade sua.
E por mais doloroso que possa parecer ou por mais difícil que seja aceitar essa verdade é muito importante que todos nós percebamos isso.
Porque eu já comentei a respeito dessa autorresponsabilização pela própria vida e aqui eu reforço que, enquanto você estiver colocando no outro a responsabilidade da sua dor, você nunca vai resolver essa dor.
Porque esse outro, mesmo que ele queira, não vai conseguir tirar essa dor de você. Porque essa dor é sua. Você que vem sentindo ela, carregando. Então, é muito, muito importante entender isso.
Por isso que eu digo no título desta entrevista que ninguém é responsável ou culpado pela sua dor, pela dor que você sente, essa pessoa é responsável por aquilo que ela fez, por ter ocasionado aquela situação.
Porém é muito importante a gente entender, pelo simples exemplo, por que será que quando eu falo, algumas pessoas vão entender de que eu estou sendo simplista demais, que eu estou sendo ignorante e algumas vão dizer “faz sentido o que ele tá dizendo”?
Por que que isso acontece? Porque é a partir do nosso entendimento que a gente vai avaliar aquilo que está acontecendo conosco.
Então imagina o seguinte: esse abuso sexual pode gerar tristeza, uma pessoa pode ir gerar raiva em outra, pode gerar desconfiança em outra, pode fazer uma pessoa querer se matar e pode fazer com que uma pessoa pensa assim:
“Essa pessoa doente fez uma coisa muito errada comigo, mas eu não tô afim de carregar isso para o resto da minha vida. Eu tô fora! Vou tocar minha vida!” Entende?
Então, é muito importante a gente entender sobre essa questão: o outro não é responsável pelo que você sente, porque o que você sente é responsabilidade sua.
Gamarra: Muito bem. Ninguém é culpado pela sua dor, é o tema da nossa entrevista desta quinta-feira. E o que que a gente precisa fazer para parar de culpar os outros pelas nossas próprias dores, Italys?
Italys: Certo. Você sofre. Você enfrentou algo muito ruim no seu passado, ou várias coisas no seu passado, e essas coisas que você enfrentou te traz sofrimento.
Mas, e aí? Você vai fazer o quê com isso? É muito importante você entender que está na sua mão a resolução.
É muito importante cada um de nós entendermos que não é esperando o outro fazer alguma coisa que vai mudar alguma coisa na nossa vida. Se nós esperarmos isso, nós estamos na bala. Nós estamos realmente lascados.
Quem aí já passou não pela situação de ter sido magoado por alguém, essa pessoa veio pedir desculpa e você vê que essa pessoa está buscando remediar aquilo que fez, mas no fundo você se sente magoada, revoltada.
Você precisa resolver com você mesmo essa emoção. Não importa o que o outro faça ou deixe de fazer. Então, o que você precisa fazer para parar de colocar a culpa do que você está sentindo sobre as outras pessoas?
Você precisa, antes de tudo, entender que todo comportamento tem uma finalidade prática para sua mente.
Então, se você está fazendo isso, alguma coisa sua mente quer e você precisa, caso não queira procurar tratamento profissional, no mínimo, parar para refletir o que é que eu estou buscando com isso?
Será que eu busco uma fuga? Será se eu busco a sensação de que essa revolta vai fazer com que o outro sofra? Será que eu busco, de alguma maneira, me ausentar da responsabilidade de ter que lidar com isso?
Não importa qual seja a resposta. É muito importante você refletir o que é que pode estar por trás de colocar a responsabilidade no outro.
Porque, a partir disso, você começa a entender que esse é um desejo do seu subconsciente. Que o outro não vai ser atingido por meio dessa culpa que coloca nele.
Então a melhor maneira de você parar de colocar responsabilidade nos outros é você parar, de fato, de ser uma criança. A mesma criança que foi abusada, a mesma criança que foi chamada de burra, a mesma criança que sofreu bullying.
É deixar de ser essa criança e assumir que hoje você é uma adulta ou, no mínimo, muito mais inteligente do que era no passado e que agora você tem os recursos necessários para seguir a sua vida livre.
Mas também você tem a opção de continuar presa nisso. Muitas pessoas se sentem incapazes de sair desse sofrimento e esta sensação de incapacidade nada mais é do que um dos sintomas de tudo isso, dessa cadeia que foi gerada durante o tempo.
Se você se sente incapaz de fazer isso sozinha, procure uma ajuda profissional. Afinal de contas, é para isso que a medicina e a psicologia se desenvolveram.
Hoje em dia eu falo muito da hipnoterapia, porque é um dos meios mais eficientes e você pode procurar minha página no Facebook, Instagram, YouTube ou qualquer lugar na internet você e vai ver resultados excelentes, mas qualquer outro meio de tratamento vai te trazer benefícios.
Desde que você entenda que a responsabilidade é sua e não desse tratamento que você tá buscando.
É muito importante entender isso para você se livrar desse negócio de colocar a culpa no outro. Assuma, por mais doloroso que seja, que você é o responsável por mudar sua própria vida. Único responsável, mesmo se todo mundo te abandonar, você ainda pode seguir a sua vida feliz.
E mesmo que você tenha todas as pessoas ao seu redor, nenhuma delas vai poder mudar sua vida. Nem uma delas. Se você não quiser, se você não for o protagonista dessa dessa novela, desse teatro que a gente chama a vida.
Às vezes a gente pensa assim: “Pô! Mas está tão difícil a vida, tantos desafios, eu quero delegar um pouquinho dessa responsabilidade.”
O problema é que isso é ilusão. Você nunca delega nada para as pessoas, você só não está, de fato, assumindo que as escolhas são suas.
Se for capaz nesse momento entenda: a culpa por aquilo que você está sentindo é só sua e, a partir daí meu amigo, busca resolver. Buscar ajuda. Buscar terapia.
Gamarra: Obrigado pela vinda mais uma vez e até a próxima quinta-feira.